domingo, outubro 07, 2007

Balanço da mortalidade infantil

Balanço da mortalidade infantil - Radio Nederland, a emissora internacional e independente da Holanda - Português

Meninos chineses em melhores condições - Radio Nederland, a emissora internacional e independente da Holanda - Português

Meninos chineses em melhores condições - Radio Nederland, a emissora internacional e independente da Holanda - Português

quarta-feira, junho 20, 2007

terça-feira, junho 19, 2007

Dimensões da tragédia urbana



Ermínia Maricato

A evolução dos indicadores sociais, que acompanham o processo de urbanização no Brasil, apresenta um quadro contraditório. Desde os anos 40 podemos festejar a queda ininterrupta da mortalidade infantil (de 149 mortes para cada mil nascidos vivos em 1940 para 34,6 em 1999), o aumento, também ininterrupto da expectativa de vida (de 42,7 anos em 1940 para 68,4 em 1999) e a queda do número de filhos por mulher em idade fértil (4,4 filhos em 1940 para 2,2 em 2000). O nível de escolaridade, como todos sabemos, também evolui positivamente ao longo do período. Esses dados, fornecidos pelo IBGE, propiciam uma leitura bastante positiva da evolução da sociedade brasileira no século passado. Tanto o aumento da expectativa de vida quanto a diminuição da mortalidade infantil, bem como a diminuição da taxa de natalidade, constituem variações significativas e, sem dúvida, benéficas no que diz respeito à qualidade de vida.
O processo de urbanização/industrialização se consolida e se aprofunda a partir de 1930, quando os interesses urbanos industriais conquistam a hegemonia na orientação da política econômica sem, entretanto, romper com relações arcaicas de mando baseado na propriedade fundiária. É importante destacar essa característica do processo social brasileiro: industrialização sem reforma agrária, diferentemente do que ocorrera na Europa e nos Estados Unidos. Nestes, a industrialização foi acompanhada de rupturas na antiga ordem social. Entre nós, predominou um certo arranjo, uma acomodação por cima como ocorrera em outros momentos importantes na história do país: independência (1822), Constituição de 1824, Lei de Terras de 1850, "libertação" dos escravos em 1988, República 1889, característica para a qual chamam a atenção diversos estudiosos como Francisco de Oliveira, Alfredo Bosi, José de Souza Martins, Roberto Schwarz, entre muitos outros.
Entre 1940 e 1980 o Brasil cresceu, economicamente, a taxas muito altas (crescimento do PIB equivalente a 7% ao ano) e, embora a riqueza gerada por esse crescimento tenha sido muito mal distribuída, ainda assim proporcionou melhora de vida a grande parte da população, além de resultar em uma respeitável base produtiva.
Nesse período, as grandes metrópoles, especialmente São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, eram vistas como a alternativa de melhora das péssimas condições da vida rural. Um gigantesco movimento migratório foi o principal responsável por ampliar a população urbana em 125 milhões de pessoas em apenas 60 anos. Em 1940, cerca de 18,8% da população brasileira era urbana. Em 2000 essa proporção é de 82%, aproximadamente, o que permite classificar o Brasil com um dos países mais urbanizados do planeta sendo que perto de 30% dessa população vive em apenas 9 metrópoles.
Apesar da sua característica de concentração das riquezas, o processo de industrialização/urbanização foi determinante para a melhora dos indicadores sociais mencionados acima devido à expansão da rede de água tratada, ampliação do uso de antibióticos, aumento da escolaridade materna, aumento do atendimento à gestante, maior acesso à informação, expansão do emprego industrial e acesso, mesmo que restrito, aos direitos sociais no trabalho urbano (dentre outras causas).
Brasil, país urbanizado. Urbanizado, de fato?
Se observarmos os indicadores urbanísticos nesse mesmo período, entretanto, veremos que o ovo da serpente estava sendo gerido. O otimismo que pode emergir dos dados não tem como se sustentar quando observamos que a evolução do uso e da ocupação do solo assume uma forma discriminatória (segregação da pobreza e cidadania restrita a alguns), e ambientalmente predatória. A questão fundiária, cujo enfrentamento foi adiado sine die, no campo, ressurge sob novo formato no universo urbano.
Em 1940 as cidades pareciam ser a promessa da superação do Brasil arcaico rumo à modernização e emancipação política e econômica. A qualidade de vida em São Paulo, por exemplo, foi observada por vários visitantes, dentre os quais o antropólogo Claude Lévi Strauss em seu livro Saudades de São Paulo. O Eldorado era mais do que uma promessa para aqueles que vinham em busca de uma vida melhor. Era realidade, como bem reflete Valter Rogério em seu filme Marvada Carne. A vida na periferia urbana dos anos 60 ou 70 não era tão boa quanto na cidade oficial mas era possível reunir os amigos e vizinhos para um churrasco e uma cerveja (na vida da roça a carne era um alimento raro). As casas, produto do esforço autônomo dos moradores e de seus amigos nos fins de semana, nos loteamentos ilegais da periferia, embora apresentando deficiências eram honestas e dignas. Melhoravam com os pequenos investimentos provenientes das férias e do 13o. salário, ao longo de muitos anos.O desenrolar dos acontecimentos se encarregou de contrariar a utopia da emancipação social e da modernização para todos. No final do século a imagem das grandes cidades está marcada por favelas, poluição do ar e das águas, enchentes, desmoronamentos, crianças abandonadas, violência, epidemias.
A pobreza urbana é maior do que a média da pobreza brasileira e está concentrada nas Regiões Metropolitanas. Dos pobres brasileiros, 33% estão nas "ricas" metrópoles do sudeste. Concentram-se também nas regiões metropolitanas 80% da população moradora das favelas, conforme estudos de Suzana Pasternak. Em 9 metrópoles brasileiras moram cerca de 55 milhões de pessoas. É mais do que a população de vários países latino-americanos ou europeus, juntos. O Rio de Janeiro tem população equivalente a um Chile e São Paulo tem população superior a um Chile e meio. No entanto, o país não tem política institucional para as regiões metropolitanas, como se os índices de violência, poluição e miséria que elas apresentam pudessem ser resolvidos com políticas compensatórias pontuais. A ausência de políticas para as metrópoles é uma ofensa à inteligência brasileira. Se os municípios que as compõem se entenderem para compatibilizar as iniciativas relativas à coleta e destino do lixo urbano e da macro drenagem, por exemplo, melhor para todos, senão, azar.
Aproximadamente 50% da população das metrópoles de Rio de Janeiro e São Paulo mora nas favelas ou nos loteamentos ilegais da periferia. Mas os problemas urbanos estão longe de se restringir às áreas metropolitanas. O censo do IBGE de 1991 verificou uma tendência confirmada em 2000, de que as cidades médias (entre 100.000 e 500.000 habitantes) crescem a taxas mais altas do que as regiões metropolitanas (4,8% contra 1,3%). Os problemas das metrópoles começam a surgir nas cidades de porte médio que ainda apresentam melhor qualidade de vida: Florianópolis, Aracajú, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, dentre tantas outras. Favelas, crianças abandonadas, moradores de rua, congestionamentos de veículos, mortes no trânsito, poluição da água e, em especial a chamada violência urbana são alguns dos indicadores que constituem amostra da tendência que é geral.
Há um desaceleramento no crescimento das metrópoles mas ele se verifica especialmente no município central. Há casos, como o Rio de Janeiro, onde o município central chegou a perder população nos últimos anos. Mas essa não é a realidade dos municípios periféricos das regiões metropolitanas. As periferias crescem mais do que os núcleos e em algumas metrópoles esse crescimento é explosivo como acontece em Belém (157,9%), Curitiba (28,2%), Belo Horizonte (20,9%) , Salvador (18, 1%) e São Paulo (16,3%), de acordo com pesquisa do IPEA para o período 1991/1996. Ou seja, as tendências futuras não são alvissareiras.
O crescimento urbano resultante desse intenso crescimento demográfico se fez, em grande parte, fora da lei (sem levar em conta a legislação urbanística de uso e ocupação do solo e código de obras), sem financiamento público (ou ignorado pelas políticas públicas) e sem recursos técnicos (conhecimento técnico de engenharia e arquitetura). Sem alternativas, a população se instalou como pôde, com seus parcos recursos e conhecimento.
Um problema que ninguém quer conhecer e enfrentar: o da moradia social
A busca de dados fidedignos sobre as condições de moradia e a situação fundiária de nossas cidades é frustrante pela falta de rigor nos levantamentos. O desconhecimento nacional sobre esse universo é gerado, em parte, pela confusão que cerca as titularidades de terras e seus limites. Essa confusão abrange tanto os cartórios de registro de imóveis como os cadastros imobiliários urbanos. O levantamento dos brasileiros que moram em favelas é bastante sub dimensionado pelo IBGE, como não poderia deixar de ser.
Diversos levantamentos (teses acadêmicas, prefeituras, e IBGE) mostram que: 33% da população de Salvador mora em áreas invadidas. 34% em Fortaleza, 40% em Recife, mais de 50% em Maceió, e mais de 20% em Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. A decantada Curitiba exibe um crescimento fantástico de áreas invadidas formando um cerco completo em torno do município central.
O gigantesco crescimento de invasões de terra, em anos recentes, se dá devido à falta de alternativas habitacionais, seja por parte do mercado privado (que não chega a atender 30% da população do país segundo dados da Cibrasec!) seja devido ao diminuto alcance das políticas públicas. Sem subsídios, não há como incorporar a maior parte da população ao mercado, muito menos quando ele continua privilegiando os ganhos especulativos. Bancários, professores secundários, policiais, enfermeiros, todo um contingente de trabalhadores regularmente empregados são excluídos do mercado o que não dizer dos informais, que são em número crescente.
A auto-construção de casas em loteamentos ilegais ou terras ocupadas irregularmente, prática vista com bons olhos por alguns que enfatizavam a capacidade e a solidariedade presente nas iniciativas populares de construção da cidade conduziu, ao final de muitos anos, a um grande desastre. Algumas das maiores aglomerações do mundo, como é o caso de Rio de Janeiro e São Paulo tem regiões inteiras construídas a partir dos esforços fragmentados e espontâneos de um sem número de agentes isolados. O resultado é caótico, como se pode constatar na zona oeste do município do Rio de Janeiro: terras sem lei, seja para a ocupação urbana seja para a resolução de conflitos entre os moradores. Mas a irregularidade urbanística não pode ser atribuída apenas à população sem alternativas.
Na malha urbana do Capão Redondo, distrito de São Paulo onde habitam aproximadamente 800.000 pessoas percebe-se a falta de coordenação entre os agentes que participaram de sua construção, incluindo o Estado com a promoção de conjuntos habitacionais. Loteamentos ilegais, conjuntos habitacionais de promoção pública, "condomínios fechados" de promoção privada e favelas (que ocupam as franjas sobrantes dessas iniciativas) formam uma colcha de retalhos sem qualquer unidade ou articulação. A ausência de qualquer racionalidade na circulação viária, interrompida a cada 500 metros, revela que se trata de um depósito de pessoas. A ausência da gestão pública, a inexistência de qualquer contrato social remete o lugar para a "terra de ninguém" onde "a lei é do mais forte". É compreensível que o distrito apresente alguns dos maiores índices de violência de São Paulo.
Em Goiânia, Brasília e Maceió, a ilegalidade na ocupação do solo, com a promoção de imensos loteamentos populares foi iniciativa única e exclusiva do Estado. Isolados da "cidade oficial" ou da "cidade legal", esses depósitos de pessoas marcados pelo abandono, são produto de iniciativas populistas, bem sucedidas do ponto de vista eleitoral, mas que resultam numa tragédia em termos sociais, urbanos e ambientais.
Como esse crescimento urbano conduz ao desastre ambiental
Dentre as principais conseqüências da falta de alternativas de moradias legais (ou seja, reguladas pela legislação urbanística e inseridas na cidade oficial) está a agressão ambiental. A ocupação de áreas ambientalmente frágeis - beira dos córregos, encostas deslizantes, várzeas inundáveis, áreas de proteção dos mananciais - é a alternativa que sobra para os excluídos do mercado e dos insignificantes programas públicos. Em algumas cidades, como em São Paulo e Curitiba, as regiões onde a ocupação mais cresce são as Áreas de Proteção dos Mananciais, ou seja, áreas produtoras de água potável onde a ocupação é proibida na lei mas não o é na prática da ocupação do território.
Nas grandes e médias cidades os rios, riachos, lagos, mangues e praias tornaram-se canais ou destino dos esgotos domésticos. O esgotamento sanitário atinge 54% dos domicílios em todo o Brasil mas apenas 10% do esgoto coletado é tratado. O restante permanece na rede hídrica. Quanto ao lixo, 29% do montante coletado é tratado. Isso fica evidente na paisagem de qualquer estrada que deixa as metrópoles ou grandes cidades, as quais são acompanhadas durante quilômetros pelo lixo não recolhido.
Para finalizar
A reversão desse quadro exige, antes de mais nada, um conhecimento mais rigoroso sobre ele. O primeiro passo para começar a mudar esse rumo é tirar as instituições e a sociedade do "analfabetismo urbanístico" e criar a consciência da dimensão dos problemas que estão sendo produzidos por esse crescimento urbano sem regulação pública e socialmente desigual. O conhecimento sobre as cidades no Brasil e sobre a cidade em que cada um vive poderia começar na rede escolar.
Instrumentos legais e planos urbanísticos que orientem as cidades em direção ao "crescimento harmônico e equilibrado" (palavras frequentes nas introduções dos Planos Diretores) não faltam. Temos inclusive motivos de otimismo já que em julho de 2001, após 12 anos de promulgada a Constituição Federal de 1988, o Congresso Nacional aprovou o Estatuto da Cidade: um inédito conjunto de medidas que visam a implementação da função social da propriedade. Entretanto, a história do urbanismo brasileiro mostra que, com a ausência dos olhos da sociedade, não há como impulsionar a aplicação de planos e leis que poderiam definir uma nova era do desenvolvimento urbano no Brasil.
Sem querer abusar do trocadilho trata-se de ocupar a lacuna e criar a consciência com ciência, com conhecimento.
Ermínia Maricato é professora-titular, coordenadora do Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, e do Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. É autora do livro Brasil cidades: alternativas para a crise urbana (Vozes, 2001).
http://www.comciencia.br/comciencia/

As novas regiões metropolitanas do Brasil

Nelson Bacic Olic

A Lei Complementar nº 14, de 1973, estabeleceu a noção de Região Metropolitana (RM), aplicando-a às nove principais aglomerações urbanas do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Fortaleza e Belém). Esse dispositivo legal definiu as RMs como áreas administrativas formadas pelos maiores municípios do país e os municípios a eles conurbados. A criação das aglomerações metropolitanas surgiu da necessidade de se resolver um conjunto de problemas que iam além da competência política das esferas de poder municipais. Isoladamente, as prefeituras dos municípios dessas áreas mostravam-se incapazes de planejar e gerir o desenvolvimento de meios de transporte, infra-estrutura viária, serviços de saneamento e abastecimento de água, que englobavam os limites de vários municípios contíguos, cada vez mais interligados ao núcleo urbano principal . A criação das regiões metropolitanas visou fornecer um quadro administrativo capaz de responder às novas realidades surgidas pelo intenso e rápido processo de urbanização do Brasil.Na década de 1990, em função das grandes transformações que ocorreram em nosso país e por conta de mudanças nos critérios internacionais – que além da população passou a levar em conta a estrutura produtiva - o conceito de RM foi estendido para mais 13 áreas, além das nove originais.Essas 22 RMs possuem a seguinte distribuição regional: no Sudeste, estão as de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, e as novas RMs de Vitória, Vale do Aço (MG), Campinas (SP) e Baixada Santista (SP). No Sul estão as de Curitiba, Porto Alegre e as novas RMs de Florianópolis, Vale do Itajaí (SC), Norte/Nordeste catarinense, Maringá e Londrina, estas duas últimas localizadas no norte do Paraná. No Nordeste estão as de Salvador, Recife, Fortaleza e as recém-criadas RMs de Natal e São Luís. No Centro-Oeste, foram criadas a de Goiânia e a Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE) que envolve Brasília e cidades de seu entorno e, finalmente Belém, permaneceu como a única RM do Norte do país.Esse conjunto de áreas metropolitanas concentra cerca de 40% da população brasileira, sendo que, as principais RMs do Sudeste, concentram cerca de metade da população de todo o conjunto das áreas metropolitanas do país.Segundo os novos critérios de classificação, pode-se distinguir áreas onde o processo de metropolização já se verificou de forma plena e áreas onde este processo se encontra em diferentes estágios de evolução. Do ponto de vista quantitativo, considera-se como uma área de metropolização plena aquela em que o principal município tenha pelo menos 800 mil habitantes, já que um núcleo urbano desse porte apresenta funções urbanas diversificadas e especializadas, características típicas de uma grande metrópole.Porém, algumas RMs em fase de crescimento, denominadas “emergentes”, podem apresentar população inferior a 800 mil habitantes. Assim, algumas RMs apresentam um núcleo central que ainda não atingiu uma metropolização plena, mas os municípios ao seu redor podem apresentar características suficientes para serem considerados como aglomerações urbanas integradas. A primeira exigência nesses casos é que esses municípios tenham densidade demográfica igual ou superior a 60 hab/km2, e a segunda, é a de que apresentem uma participação da população economicamente ativa (PEA) em atividades urbanas igual ou superior a 65% do total de pessoas empregadas.As RMs de São Luis, Natal, Londrina, Baixada Santista, Norte-Nordeste Catarinense, Florianópolis, Maringá, Vitória, Vale do Itajaí e Vale do Aço apresentam uma “metropolização emergente”, enquanto as demais já possuem uma “metropolização plena”.As novas regiões metropolitanas da Região SulNa Região Sul um fato a respeito das RMs chama a atenção. Das 13 novas RMs criadas, quase metade delas (cinco), estão localizadas nessa área do país, sendo duas no Paraná e três em Santa Catarina. Ressalte-se também que não foram criadas novas RMs no Rio Grande do Sul, fato que atesta o grande poder polarizador exercido Porto Alegre sobre todo o território do estado.O processo de evolução das novas RMs paranaenses foi bastante peculiar. Até as duas primeiras décadas do século XX, o norte do Paraná, onde se situam as RMs de Londrina e Maringá, era praticamente desocupado. O processo efetivo de ocupação e valorização econômica da região se verificou através da expansão da lavoura cafeeira que, "transbordando" os limites do território paulista, buscou os ricos solos paranaenses numa epopéia que durou do fim do século XIX à primeira metade do século XX.Londrina e Maringá, os dois principais núcleos urbanos regionais, foram fundadas ao longo da década de 1920 na área que ficou conhecida como "Norte Novo", em oposição ao "Norte Velho" (a porção nordeste do estado, ocupada anteriormente) e o "Norte Novíssimo" (setor noroeste, ocupado a partir de meados da década de 1940).Todavia, a falta de cuidados no uso do solo, o efeito devastador de algumas geadas e a queda dos preços do café no mercado internacional provocaram radicais transformações na economia da área a partir dos anos 1970. A substituição da lavoura cafeeira, que utilizava intensivamente mão-de-obra, por lavouras com expressivo grau de mecanização, especialmente a de soja, trouxe grandes modificações. Uma das mudanças mais significativas foi o desencadeamento de processos de repulsão populacional, por conta da liberação de trabalhadores gerada tanto pela mecanização rural quanto pela concentração fundiária.Parte dessa população "liberada" dirigiu-se para outras regiões do país (Centro-Oeste e Norte) em busca de terras disponíveis e baratas ou novas oportunidades de trabalho. Além disso, muitos trabalhadores rurais se deslocaram para centros urbanos do próprio estado. Esses fatos, no entanto, não modificaram a posição do Norte do Paraná como a área mais dinâmica do estado, inferior apenas à região da capital.Já Santa Catarina foi o estado em que foi criado o maior número de novas RMs. As do Norte/Nordeste catarinense (onde está Joinville, a capital econômica do estado) e do Vale do Itajaí (que tem em Blumenau seu núcleo urbano principal), têm um dinamismo econômico que se rivaliza ou é superior ao da capital.A Grande Florianópolis, diferentemente do que acontece em outros estados, não é a mais importante RM estadual. A capital catarinense, núcleo metropolitano principal dessa RM, situa-se na Ilha de Santa Catarina e, desde sua origem, quando se chamava Nossa Senhora do Desterro, serviu como ponto fortificado dos portugueses, destinado a defender e povoar o litoral sul do Brasil. Com a chegada de casais oriundos das ilhas dos Açores, a cidade cresceu e adquiriu características culturais peculiares.A imigração, no século XIX fez surgirem cidades economicamente mais importantes no estado, fazendo com que Florianópolis por muito tempo, tivesse apenas a função de centro político-administrativo. Contudo, nas últimas décadas, com a melhoria das estradas, a capital rompeu o relativo isolamento que mantinha em relação ao resto do estado. Ao mesmo tempo, suas 42 praias passaram a atrair turistas de outras regiões do Brasil e de países vizinhos, especialmente da Argentina e do Uruguai. Com isso, o comércio cresceu e a mancha urbana se estendeu para o continente.

segunda-feira, junho 18, 2007

Diante da fome e da escassez de água potável, o que significa plantar energia

Agência Carta Maior: "Diante da fome e da escassez de água potável, o que significa plantar energia"

sexta-feira, maio 25, 2007

IEstudo revela 60 anos de transformações sociais no país

Entre os Censos de 1940 e 2000, a população brasileira cresceu quatro vezes. O Brasil rural tornou-se urbano (31,3% para 81,2% de taxa de urbanização). Nesse período, houve o envelhecimento da população brasileira, que na faixa de 15 a 59 anos, aumentou de 53% para 61,8%. O número de pessoas autodeclaradas pardas aumentou de 21,2% para 38,5%, reflexo do processo de miscigenação racial. Quanto à religião, nesses 60 anos, os evangélicos cresceram de 2,6% para 15,4% da população. O país conseguiu reduzir em cinco vezes a taxa de analfabetismo, que caiu de 56,8% para 12,1%. A taxa de escolarização, entre crianças de 7 a 14 anos, aumentou de 30,6% para 94,5%. Já o percentual de casados cresceu de 42,2% para 49,5%. Os brasileiros natos passaram de 96,6% para 99,6%. No período em foco, agricultura, pecuária e silvicultura, que em 1940 representava 32,6% da população ocupada, declinou para 17,9%, em 2000.
Leia mais:
IBGE :: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Idade da população ocupada aumentou nos últimos 60 anos

CLARICE SPITZda Folha Online, no Rio de Janeiro

Estudo do IBGE mostra mudança na distribuição dos trabalhadores por idade no mercado de trabalho entre 1940 e 2000. Em 1940, com a população brasileira mais jovem, os trabalhadores ocupados estavam em sua maioria na faixa de 10 a 19 anos. Eles correspondiam a 33,7% da população ocupada.
Já em 2000, a maior participação estava na faixa etária entre 20 e 29 anos (28,4%). Nessa faixa etária de trabalhadores, as atividades de agricultura, pecuária, silvicultura, além de atividades domésticas --que incorporam atividade primária de subsistência-- e escolares ocupavam maior percentual de trabalhadores em 1940.
Já em 2000, as atividades ligadas ao comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos, além da indústria de transformação empregavam mais. A agricultura, pecuária e silvicultura ocupavam a terceira posição.
Em 1940, 28,9 milhões de pessoas de 10 anos ou mais estavam empregadas. Em 2000, esse contingente subiu para 65,6 milhões, o que corresponde a 48,5% do total de pessoas de 10 anos ou mais.

quarta-feira, maio 23, 2007

'Geografia é fundamental para compreender a importância do espaço', diz professora

Arlete Moysés Rodrigues, docente da Unicamp, fala sobre sua experiência na área. Ela já trabalhou na Prefeitura de São Paulo e no Ministério das Cidades.
Luísa Brito Do G1, em São Paulo entre em contato



A professora Arlete Moysés, que ensina geografia na Unicamp (Foto: Robson Fernandes/Agência Estado)
Professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp ), com pós-doutorado na área de geografia humana, Arlete Moysés Rodrigues, 63, diz que escolheu a profissão porque tinha vontade de “descortinar o conhecimento sobre o mundo”.

Além do trabalho na área acadêmica ela atuou durante mais de dez anos na Prefeitura de São Paulo e também foi, durante o ano de 2003, diretora da secretaria executiva do Ministério das Cidades. Para Arlete, a geografia é “fundamental para compreender a sociedade e entender a importância do espaço no mundo atual”. Leia os principais trechos da entrevista que ela concedeu ao G1.
G1 - Por que a senhora quis ser geógrafa?
Arlete Moysés Rodrigues - Queria descortinar o conhecimento sobre o mundo. Quando fiz faculdade, na USP, tinha vontade de ensinar para o [ensino] fundamental, depois fui para o superior.
G1 - Em quais lugares a senhora trabalhou?
Arlete - Fui funcionária da prefeitura de São Paulo, onde participei do primeiro cadastro de favelas de São Paulo, em 1972 e 1973. Sempre trabalhei na área de habitação e bem-estar social. Saí de lá em 1982 e no ano seguinte entrei na Unicamp. Entre 1989 e 1991 me afastei para fazer parte da equipe da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da prefeitura de São Paulo. Em 1999 me aposentei , mas não parei de dar aula na pós-graduação e orientar mestrado e doutorado. Em 2003 me afastei novamente para trabalhar no ministério das Cidades.
G1 - O que é a geografia na visão da senhora?
Arlete - Ela é fundamental para compreender a sociedade e entender a importância do espaço no mundo atual. Esse espaço tem sido ocultado para parecer que não é importante, mas ninguém vive sem ocupar espaço.
G1 - O que a senhora mais gosta na área?
Arlete - Do trabalho com geografia urbana, de entender a produção do espaço urbano, fazer a análise de todos os agentes que produzem a cidade.
G1 - O que é essencial para ser um bom profissional?
Arlete - Ler muito e fazer reflexão do que lê. Fazer pesquisa de campo e conhecer novas técnicas como instrumento para aprofundar o conhecimento.
G1 - Que dicas a senhora daria para quem está começando agora na profissão?
Arlete - Antes de definir a área que vai seguir, a pessoa deve procurar compreender os processos da produção, do espaço e do território e vê para qual área tem aptidão.
G1 - Como está o mercado de trabalho para o geógrafo?
Arlete - Acho que está bom tanto para a licenciatura como para o bacharelado, porque há ausência de geógrafos que possam atuar no planejamento territorial e há uma grande demanda nessa área.
G1 - O que a senhora acha do planejamento urbano das cidades brasileiras?
Arlete - Um bom planejamento só pode ser efetivo se for feito com a participação social de todos. Isso é importante para que numa metrópole como São Paulo [por exemplo] se viva melhor no futuro.
G1 - Como a a senhora analisa a forma que as pessoas encaram as questões ambientais?
Arlete - As pessoas jogam uma cortina de fumaça sobre a realidade. Procura-se a resolução dos problemas onde eles não são gerados. Por exemplo, costuma-se culpar as pessoas pela poluição do ar, porque ninguém quer deixar o carro uma vez por semana em casa. Mas não se analisa o que a indústria automobilística usa no automóvel que gera tanta poluição. Fala-se como se o problema fosse causado pelo consumidor.
G1 - Qual o futuro da geografia?
Arlete - É mostrar a importância do espaço e do analista do espaço, ou seja, o geógrafo.

sábado, maio 19, 2007

EUA proíbem acesso a imigrantes presos, acusa ONU


Um funcionário do setor de direitos humanos das Nações Unidas diz que sua visita a um centro de detenção de imigrantes em Nova Jersey foi barrada na segunda-feira. Essa foi a segunda ocasião em que o acesso a um centro de detenção de imigrantes lhe foi negado, nos Estados Unidos, em sua viagem de inspeção de uma semana.
O funcionário, Jorge Bustamante, encarregado pela ONU de redigir um relatório especial sobre os direitos humanos dos migrantes, disse ter sido informado no final de semana que sua visita a imigrantes detidos na Instituição Corretiva do Condado de Monmouth, em Freehold, marcada para a segunda-feira, havia sido cancelada. Bustamante diz que os motivos do cancelamento não lhe foram explicados.
No dia 7 de maio, Bustamante foi proibido de visitar o Centro de Detenção Familiar T. Don Hutto, em Taylor, Texas, que abriga famílias de imigrantes ilegais, incluindo crianças. Funcionários do Serviço de Imigração e Alfândega, o departamento federal que supervisiona o centro, disseram ter cancelado a visita devido a um processo judicial sobre as condições de vida dos detidos no local, movido pela União Norte-Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).
Em carta de protesto enviada na segunda-feira a Zalmay Khalilzad, embaixador dos Estados Unidos à ONU, Bustamante afirma que o Departamento de Estado havia aprovado seu itinerário. "Minha interpretação é que alguém no governo dos Estados Unidos não está orgulhoso quanto ao que vem acontecendo nesses centros", afirmou Bustamante em entrevista.
Um porta-voz do Departamento de Estado, Bill Strassberger, disse que ao que sabia a visita ao centro de detenção em Nova Jersey havia sido cancelada pelo xerife do condado de Monmouth, Joseph Oxley. Strassberger confirmou que o Departamento havia ajudado Bustamante a organizar as duas visitas, e que a organização estava decepcionada por não terem acontecido. "Queremos demonstrar que não temos nada a esconder", disse o porta-voz.
A xerife assistente Cynthia Scott, falando em nome de Oxley, disse que Bustamante é que havia cancelado a visita, por se recusar a aceitar "condições razoáveis" de acesso. "Ele cancelou, não nós", afirmou Scott.
Bustamante visitou um centro federal de detenção de imigrantes ilegais em Florence, Arizona. Ele declarou que as instalações pareciam limpas e "bem administradas".
Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME
The New York Times

quarta-feira, abril 04, 2007

O MEIO RURAL E O URBANO


30 de janeiro de 2007
por Geomundi


Somente a sociedade humana “habita” o planeta, no sentido de transformá-lo segundo um objetivo pré-determinado. As metamorfoses do espaço habitado acompanham a maneira como a sociedade humana se expande e se distribui, acarretando sucessivas mudanças demográficas e sociais em cada continente (mas também em cada país, em cada região e em cada lugar). O fenômeno humano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo está, exatamente, na transformação qualitativa do espaço habitado.

A noção de distribuição espacial da humanidade, se considerada apenas em relação às condições naturais, é insuficiente. O hábitat, isto é, o espaço construído pelo homem, era antigamente o seu lugar de residência e de trabalho, e o espaço destinado às relações que uma vida social geograficamente confinada gerava, por meio do processo produtivo, tanto nos seus aspectos materiais como nos seus aspectos não materiais.

Considerando a totalidade da superfície terrestre, aparecem grandes espaços que estão quase vazios: são as zonas polares e as terras submetidas durante sete ou oito meses a temperaturas muito baixas, ou ainda, as regiões de grande altitude. As extensões quentes e secas também formam parte do conjunto muito debilmente povoado. A Amazônia (América do Sul) e o Congo (África) não contam, em média, com mais do que 2 ou 3 habitantes por km² . Ao contrário, na Ásia encontram-se regiões de clima quente e úmido fortemente povoadas. E as mesmas desigualdades ocorrem nas zonas temperadas.

Para explicar esses contrastes de concentração de população é necessário fazer as distinções abaixo.

Grandes regiões industriais: cujo povoamento mais importante data do século XIX. Sua ocupação foi provocada pelos efeitos da Revolução Industrial, determinando uma concentração maciça da população nas cidades.

Grandes regiões agrícolas: nas quais também existem desigualdades de povoamento por causa das condições geográficas e históricas.

No decorrer dos séculos, tanto o crescimento econômico como o crescimento demográfico foram muito lentos em todos os países. Até o século XIX, os homens eram essencialmente agricultores.

Mas, a partir desse século, ocorreu uma transformação demográfica cujos múltiplos efeitos passaram a ter importância cada vez maior, como conseqüência das mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais que se produziram desde o início do século XIX, a cujo conjunto se denominou Revolução Industrial. A partir de então, a agricultura se transformou; o comércio e os meios de transporte sofreram grande impulso. As cidades se multiplicaram e passaram a ser cada vez mais importantes.

A divisão entre os setores primário (agricultura e pecuária), secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços) aprofundou-se em escala mundial, e a população economicamente ativa (aquela efetivamente engajada na economia) empregada no setor secundário passou a assumir importância cada vez maior na força de trabalho mundial.

Cerca de 2,5 bilhões de homens e mulheres vivem nas zonas rurais de todo o mundo, e 2 bilhões deles são camponeses que cultivam cerca de 1,5 bilhões de hectares, ou seja, aproximadamente 10% das terras emersas. Mas a distribuição das riquezas de que dispõem esses diferentes grupos não corresponde à distribuição da população.

Boa parte dos meios de produção está concentrada em países que contam com uma agricultura muito produtiva, concentrando também a produção industrial. Esses países possuem, ainda, potencial científico e tecnologia avançada.

A agricultura, hoje, não é mais a atividade principal dos países desenvolvidos. No entanto, continua sendo o meio de vida da maioria dos habitantes dos países subdesenvolvidos.

A partir do século XIX, a agricultura sofreu grandes modificações em conseqüência da transformação dos modos de produção no espaço, passando de uma agricultura de subsistência para uma agricultura comercial. Mas, em muitos casos, os camponeses que têm de cultivar para a exportação não conseguem preço suficiente para os produtos de seu trabalho nem chegam a produzir o suficiente para sustentar a família.

As atividades agrícolas praticadas por povos diferentes são extremamente variadas. Existem vários sistemas de cultivo, isto é, o conjunto de técnicas empregadas numa exploração agropecuária e de utilização do solo.

Também temos de levar em conta as diferenças de estrutura agrária. Elas se distinguem nas formas de propriedade da terra (propriedade coletiva, pequena propriedade privada, grande propriedade privada), cujas colheitas podem ficar com o proprietário ou ser repartidas entre o proprietário e os cultivadores.

Às vezes a terra pertence a quem a trabalha, seja um grupo social (propriedade ou exploração coletiva) ou uma pessoa (pequeno proprietário). Na maioria dos casos, porém, a terra não pertence a quem a cultiva.

Hoje, os sistemas agrícolas dos países desenvolvidos são, geralmente, intensivos e de produtividade alta, pois os meios técnicos aplicados na produção são consideráveis e apresentam grandes investimentos de capitais. A aplicação desses capitais tem como objetivo prover determinado produto; e a busca dos lucros é o que determina a combinação de cultivos escolhida, sem perder de vista as demandas do mercado.

Como conseqüência da expansão européia em áreas escassamente povoadas, a agricultura dos países “novos” (Estados Unidos, Canadá, Argentina, Austrália) nasceu quase ao mesmo tempo que a Revolução Industrial, que foi lhes fornecendo os meios técnicos para valorizar os imensos espaços agrícolas disponíveis.

A instalação da agricultura comercial nos países tropicais, destinada a abastecer os países industrializados, adquiriu a forma de grandes plantações coloniais. As maiores plantações se encontram na América Latina, que oferece produtos de grande valor no mercado internacional. No entanto, as populações que nelas trabalham são muito pobres, já que a colheita pertence a grandes proprietários.

O aumento populacional e o desenvolvimento têm vínculos complexos. No passado, por meio da intensificação da agricultura e do aumento da produtividade, as nações puderam enfrentar as crescentes pressões populacionais sobre a terra disponível.

A pressão populacional já está forçando os agricultores tradicionais a trabalharem mais, quase sempre em fazendas cada vez menores, situadas em terras marginais, apenas para manter a renda familiar. Na África e na Ásia, a população rural praticamente dobrou entre 1950 e 1985, com um correspondente declínio na disponibilidade de terra. O rápido aumento populacional também cria problemas urbanos de cunho econômico e social, que ameaçam impossibilitar a administração das cidades.

O aumento populacional acelerou-se em meados do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial e das correspondentes melhorias na agricultura, não só nas regiões mais desenvolvidas como também em outras. A fase recente de aceleração começou por volta de 1950, quando as taxas de mortalidade tiveram redução acentuada nos países em desenvolvimento.

Hoje, o aumento populacional concentra-se nas regiões subdesenvolvidas da Ásia, da África e da América Latina, responsáveis por 85% do aumento da população mundial a partir de 1950.

O aperfeiçoamento das comunicações possibilitou grandes deslocamentos de pessoas, às vezes como uma reação natural ao aumento das oportunidades econômicas em determinadas áreas. Isso aumentou rapidamente a mobilidade da população, acelerando as migrações internas e externas.

Grande parte dos deslocamento dá-se do campo para a cidade. Em 1985, cerca de 40% da população mundial vivia em cidades. A magnitude da migração para as cidades é comprovada pelo fato de que, a partir de 1950, o aumento população urbana foi maior que o aumento da população, tanto em termos percentuais como absolutos.

Esse deslocamento é mais impressionante nos países em subdesenvolvidos, nos quais o número quadruplicou nesse período.

No final deste século, quase metade do mundo estará vivendo em áreas urbanas desde pequenas cidades até megalópoles. O sistema econômico mundial está se tornando cada vez mais urbano, com redes justapostas de comunicações, de produção e de mercadorias.

Tal sistema, com seus fluxos de informação, energia, capital, comércio e pessoas, gera a coluna dorsal do desenvolvimento nacional. As perspectivas de uma cidade, grande ou pequena, dependem essencialmente do lugar que ela ocupa no sistema urbano, nacional e internacional.

Em muitas nações, certos tipos de indústria e de empresa de serviços estão se desenvolvendo em áreas rurais. Mas essas áreas vêm recebendo serviços e infra-estrutura de alta qualidade, com sistemas avançados de telecomunicações, que fazem com que sua atividades sejam parte integrante do sistema urbano-industrial nacional e global. De fato, o interior está sendo “urbanizado” cada vez mais aceleradamente.

O século XX é o da “revolução urbana”. Depois de 1950, o número de pessoas que vivem nas cidades quase triplicou; nas regiões mais desenvolvidas, a população urbana dobrou; no mundo menos desenvolvido, quadruplicou.

Em muitos países em desenvolvimento, as cidades têm crescido muito além do que jamais se poderia imaginar. Poucos governos de cidades do mundo em desenvolvimento, cujas populações crescem a um ritmo acelerado, dispõem de poderes, recursos e pessoal treinado para lhes fornecer as terras, os serviços e os sistemas adequados a condições não-degradantes de vida: água potável, saneamento, escolas e transportes.

O resultado disso se revela na proliferação de assentamentos ilegais de habitações toscas, nas aglomerações excessivas e na taxa de mortalidade altíssima, decorrente de um meio ambiente insalubre, por causa de problemas de infra-estrutura deteriorada, degradação ambiental, decadência do centro urbano e descaracterização dos bairros.

Os desempregados, os idosos e as minorias étnicas e raciais podem mergulhar numa espiral descendente de degradação e pobreza, pois as oportunidades de emprego diminuem, e os indivíduos mais jovens e mais instruídos vão abandonando os bairros decadentes.

No mundo industrializado, as cidades também são responsáveis por problemas de alcance global, tais como o consumo de energia e a poluição ambiental. Muitas delas obtêm seus recursos e sua energia de terras distantes, com fortes impactos coletivos sobre essas terras distantes.

Em geral, o crescimento urbano muitas vezes vem antes do estabelecimento de uma base econômica sólida e diversificada para apoiar o incremento da infra-estrutura, da habitação e do emprego. Em muitos lugares, os maiores problemas estão ligados a padrões inadequados de desenvolvimento agrícola e urbano.

A crise econômica mundial dos anos 80 não resultou somente em menores rendas, maior desemprego e na eliminação de muitos programas sociais. Ela também diminuiu drasticamente a já baixa prioridade dada aos problemas urbanos, aumentando a deficiência crônica dos recursos necessários para construir, manter e administrar as cidades.

As interações urbanas contemporâneas

Os sistemas urbanos constituem redes, formadas por um conjunto hierarquizado de cidades com tamanhos diferentes, ou seja, onde se observa a influência exercida pelos centros maiores sobre os menores. A hierarquia urbana se estabelece a partir dos produtos e dos serviços que as cidades têm para oferecer. Quanto mais diversificada for a economia de uma cidade, maior será a sua capacidade de liderar e influenciar os outros centros urbanos com os quais mantém relações.

Assim se cria um sistema de relações no qual as cidades mais desenvolvidas lideram a rede urbana. As cidades maiores influenciam as cidades médias, e estas influenciam as cidades menores.

As metrópoles correspondem a centros urbanos de grande porte: populosos, modernos e dotados de graves problemas de desigualdades sociais. Nelas predomina o trabalho assalariado, que, aliado ao tamanho da população, contribui para a formação de um significativo mercado consumidor. Para atender a esse mercado, os estabelecimentos comerciais se multiplicam e as redes de prestação de serviços de toda espécie se ampliam, o que configura um grande desenvolvimento do setor terciário da economia.

A concentração populacional amplia a oferta de mão-de-obra e, desse modo, atrai investimentos produtivos que contribuem para o desenvolvimento da indústria, com a expansão do setor secundário não apenas na metrópole, mas também nas regiões circunvizinhas.

Quando os limites físicos das cidades estão muito próximos, formam-se conurbações. Isso ocorre principalmente nas regiões mais desenvolvidas, onde geralmente há uma grande rodovia, um porto ou sistemas de comunicação aperfeiçoados que expandem continuamente a área física das cidades.

Ao contrário do que normalmente se considera, a megalópole não é uma megametrópole, mas uma conurbação de metrópoles. É encontrada em regiões de intenso desenvolvimento urbano, e nelas as áreas rurais estão praticamente ausentes.

As principais megalópoles contemporâneas são: Boswash. (localiza-se no nordeste dos Estados Unidos); Chipits,(também está localizada nos Estados Unidos, ao sul dos Grandes Lagos); Tokkaido,(corresponde a uma das megalópoles mais populosas do mundo. Localizada no sudeste do Japão); Renana, (localizada na Europa ocidental, junto ao vale do Reno).

A urbanização corresponde principalmente a um processo de transferência de populações das zonas rurais para as cidades; quando ele é muito intenso, recebe o nome de êxodo rural.

Os países mais desenvolvidos - No século XIX, a urbanização foi mais intensa nos países que realizaram a Revolução Industrial e que constituem hoje países desenvolvidos. As novas possibilidades de trabalho na indústria e no comércio atraíram as populações da zona rural para as cidades.

No pós-guerra, a concentração humana e a elevação do poder aquisitivo das populações dos países mais desenvolvidos produzi­ram um grande aumento do consumo de bens e serviços, que favoreceu a expansão do setor terciário da economia. Como nesse período também ocorreu um grande desenvolvimento da tecnologia industrial, a produtividade aumentou e as necessidades de mão-de-obra se reduziram.

Os países subdesenvolvidos - O século XX se caracterizou pela urbanização dos países subdesenvolvidos. O ritmo se acelerou a partir de 1950, devido ao aumento das taxas de crescimento populacional e, em muitos desses países, à industrialização, propiciada pelos significativos investimentos das empresas multinacionais. Formaram-se grandes cidades, para as quais as populações da zona rural se deslocaram em busca de melhores condições de vida, pois era ali que a industrialização estava mais presente, com maior disponibilidade de emprego, conforto e ascensão social.

Nessas cidades, contudo, a industrialização adotou um padrão tecnológico muito mais moderno do que o utilizado pelas indústrias do século XIX, o que resultou na criação de menos empregos. Por isso, mui­tas pessoas que se deslocaram para as cidades não encontraram trabalho e passaram a viver em situação de extrema pobreza, em locais insalubres, como favelas e cortiços sem luz, água, rede de esgotos, transportes coletivos e demais serviços urbanos.

Por isso, nessas cidades o setor terciário informal - aquelas atividades não-regulamentadas, como a dos camelôs e biscateiros - cresce mais que o formal. Essa situação é chamada de hipertrofia do terciário.

América Latina - É a região mais urbanizada entre o conjunto dos países menos desenvolvidos e, desde o início da década de 1970, a população urbana é superior à população rural.

Essa região foi a primeira a conquistar a independência política, a constituir uma economia de mercado e a desenvolver atividades industriais, ainda durante o século XIX. Desde o início do século XX, e principalmente após 1940, outros fatores contribuíram para acelerar a urbanização.

A concentração de terras herdadas do período colonial se perpetuou no latifúndio, o que agravou a pobreza rural e estimulou a população de origem camponesa a migrar para as cidades. Além disso, muitas propriedades rurais se modernizaram, adotando procedimentos administrativos característicos das grandes empresas urbanas e passando a utilizar máquinas agrícolas em grande escala, que reduziram a necessidade de mão-de-obra.

Em quase toda a América Latina, os índices de urbanização são elevados, com a população urbana ultrapassando 70% na maior parte dos países, com exceção da região da América Central, da Bolívia e do Paraguai.

A urbanização da África - A maior parte da população vive na zona rural, pois as atividades agrárias predominam na estrutura econômica de quase todos os países do continente.

Mesmo assim, desde o início da década de 1970 os países da África são os que apresentam as taxas de urbanização mais eleva­das entre os países menos desenvolvidos, com um aumento superior a 5% ao ano. Em 1960, a população urbana da África correspondia a 210 milhões de habitantes; hoje corresponde a mais de 420 milhões.

O ritmo de transferência de populações do campo para a cidade é crescente, e para isso contribui o grave estado de pobreza da maior parte das sociedades africanas. Cerca de 216 milhões de pessoas, ou 47,8% da população absoluta, vivem abaixo da linha de pobreza delimitada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com uma renda anual inferior a 370 dólares.

A urbanização africana está relaciona­da com a ampliação da economia de exportação, a partir de 1950, quando houve um grande aumento do consumo mundial de matérias-primas, combustíveis fósseis e produtos agrícolas.

As áreas de urbanização mais acentua­da são a República da África do Sul, um país industrializado; os países que se localizam em torno do golfo da Guiné, com sua indústria petrolífera; e a região do litoral do mar Mediterrâneo, de onde parte importante ro­ta marítima internacional, o que lhe permite manter uma forte integração econômica com os países europeus.

A urbanização na Ásia - O continente mais populoso do mundo, não tem uma tradição urbana. A população ainda é predominantemente rural, mas desde a década de 1960 a migração do campo para as cidades aumentou muito os índices de urbanização.

Calcula-se que no início do século XXI cerca de 2 bilhões de asiáticos estarão vivendo em cidades, o que pode significar o aumento da pobreza. Hoje, a situação já é dramática. Na Índia e em Bangladesh, na Ásia meridional, cerca de 562 milhões de pessoas, ou 49% da população, vivem com uma renda anual inferior a 370 dólares por habitante, tal como no continente africano.

A industrialização dos países conhecidos como tigres asiáticos (Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong), ocorrida nas últimas décadas, e a recente ascensão econômica dos chamados novos tigres (Malásia, Tailândia, Indonésia e Filipinas) aumentaram a oferta de trabalho, transformaram suas principais cidades em pólos de forte atração populacional e contribuíram para acelerar a urbanização asiática.

quinta-feira, março 22, 2007

Expectativa de Vida 2006

Home:
"Expectativa de Vida – Ano 2004
Divulgado no RDH - Relatório de Desenvolvimento Humano de 2006"

Link's Turma 221 Auxiliadora Canoas e Textos para a pesquisa

Link´s para a pesquisa:

DIEESE

Desde 1955, o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos vem desempenhando o papel para o qual foi criado pelo Movimento Sindical : desenvolver atividades de pesquisa, assessoria, educação e comunicação nos temas relacionados ao mundo do trabalho e que se ajustam aos desafios que a realidade coloca para a organização dos trabalhadores brasileiros. Ao longo desse tempo, a instituição consolidou-se pela sua eficiência e credibilidade, tornando-se uma fonte de dados, informações e análises confiáveis para as entidades sindicais e para a sociedade. Trata-se de uma criação única do Movimento Sindical brasileiro: sua forma de organização, seu pluralismo e sua história não têm correspondência em nenhuma outra parte do mundo. É uma entidade civil sem fins lucrativos, mantida pela contribuição das entidades sindicais filiadas, onde estão representadas todas as correntes do Movimento Sindical brasileiro.

http://www.dieese.org.br/home.xml

IBGE
http://www.ibge.gov.br/home/

IBGETEEN

http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/frameset_open.html

IPEA
Como um disseminador de conhecimentos e informações sobre as políticas públicas, o trabalho do Ipea é servir ao país por meio de estudos e pesquisas , assessoria direta ao governo e publicação de seus trabalhos, além da realização de eventos técnicos.

http://www.ipea.gov.br/default.jsp



Esses dados servem de base procurem números mais atuais:

PEA - População Economicamente Ativa no Brasil

Período PEA - TOTAL ( A ) PEA - Alocada no Comércio ( B )
( B / A )
1 9 7 0 29.557.224 2.247.493
7,6 %
1 9 8 0 43.235.712 4.037.917
9,3 %
1 9 8 9 60.621.934 7.436.943
12,3 %
1 9 9 0 62.100.499 7.975.690
12,8 %





PEA - População Economicamente Ativa no Brasil - 1990

Pessoas de 10 anos de idade ou mais, ocupadas

Ramos de Atividade Nº de pessoas %
Agrícola 14.180.159 22,8
Indústria de Transformação 9.410.712 15,2
Indústria de Construção 3.823.154 6,2
Outras Atividade Industriais 860.453 1,4
Comércio de Mercadorias 7.975.670 12,8
Prestação de Serviços 11.136.869 17,9
Serv. Aux. da Atividade Econômica 2.023.389 3,3
Área Social 5.417.210 8,7
Transporte e Comunicação 2.439.920 3,9
Administração Pública 3.117.005 5,0
Outras Atividades 1.715.598 2,8



T o t a l 62.100.499 100

Fonte: Síntese da Economia Brasileira - CNC ( Gabriel Luiz Gabeira )


http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/defaulttab_hist.shtm

PEA – População Economicamente Ativa 46,9% (87,3 milhões de habitantes)
PEA - setor primário (agronegócio e extrativismo) 21%
PEA - setor secundário (indústria) 19%
PEA - setor terciário (serviços, comércio, sistema financeiro, entre outros) 60%
Renda per capita (em reais) 9.743
Renda per capita (em dólares PPP – paridade de poder de compra) 8 020
Renda per capita (em dólares) 3 300
Índice de desemprego (PEA brasileira) 9%
Índice de desemprego (PEA da Região Metropolitana de São Paulo) 16,9%
Trabalhadores com carteira assinada 32,9%
Trabalhadores sem carteira assinada 24,1%
Trabalhadores por conta própria 21,8%
Participação dos salários no PIB 37%

(Fontes: IBGE, Seade e Dieese)



Conforto e posse de bens de consumo por domicílios


Energia elétrica 93%
Televisão 90,3%
Geladeira 87,4%
Máquina de lavar roupa 34,5%
Computador 16,6%
Computador conectado à internet 12,4%

(Fontes: IBGE-PNAD)

Distribuição de renda, pobreza e miséria


Parcelas da população Renda
Renda média dos 10% mais pobres (R$) 58
Renda média dos 10% mais ricos (R$) 3 305
Renda dos 10% mais ricos 47%
Renda dos 30% intermediários 41%
Renda dos 60% mais pobres 12%
Trabalho infantil e juvenil 5,1 milhões de crianças e adolescentes (1,94 milhões sem remuneração)
Desigualdade na distribuição de renda (IPEA) 2o pior do mundo (atrás de Serra Leoa)
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano (2005 com dados de 2003) 63a posição
População em estado de pobreza (renda insuficiente para moradia e vestuário, sendo suficiente para a alimentação) 54 milhões de habitantes
População em estado de miséria (renda indigência e renda insuficiente para aquisição de comida, ou seja, maior vulnerabilidade à fome) 22 milhões de habitantes
Porcentual de indigentes segundo pesquisa da FGV – Fundação Getúlio Vargas (renda mensal inferior a 80 reais e consumo diário de calorias inferior a 2300) 50 milhões de habitantes

(Fontes: IBGE, IPEA e ONU)

Trabalhadores formais – por faixa de renda em salários mínimos


Até 1 SM 4,7%
Mais de 1 SM até 3 SM 59,5%
Mais de 3 SM até 5 SM 16,2%
Mais de 5 SM até 10 SM 12,3%
Mais de 10 SM 7,1%
Ignorado 2,0%

(Fontes: IBGE e CNI)

População ocupada que ganha até 1/2 salário mínimo


Brasil 9,5%
Norte 9,8%
Nordeste 19,1%
Sudeste 5,3%
Sul 5,7%
Centro-Oeste 6,9%

(Fontes: IBGE)

IES - Índice de Exclusão Social


Indicadores componentes do IES Posição do Brasil entre 175 países
Escolaridade superior (graduação/PEA) 84ª
Alfabetização (% de alfabetizados acima de 15 anos) 93ª
Pobreza (população com renda inferior a 2 dólares por dia) 71ª
Desigualdade social (parcelas apropriadas de renda pelos 10% mais ricos e 10% mais pobres) 167ª
Desemprego (% da PEA) 99ª
População infantil (até 14 anos) 65ª
Homicídios (a cada 100 mil habitantes) 161ª
IES geral 109ª

(Fonte: Pochman, Márcio – org. Atlas da Exclusão Social. A exclusão no mundo. São Paulo, Cortez, 2004)

http://www.ciadaescola.com.br/zoom/materia.asp?materia=304&pagina=2



21 de dezembro de 2006
IBGE apresenta mudanças do país nos últimos 10 anos

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira a Sinstese dos Indicadores Sociais. A pesquisa traz dados entre 1995 e 2005. Um dos pontos de maior destaque é relacionado à mortalidade infantil. Nesse período, a taxa caiu quase 32%.

Segundo o IBGE, o aumento relativo do número de domicílios com saneamento básico adequado contribui para isso. O Rio Grande do Sul registrou a menor taxa de mortalidade infantil em 2005 (14,3‰) e Alagoas (53,7‰), a maior.

Entre 1995 e 2005, a esperança de vida ao nascer cresceu 3,4 anos, chegando aos 71,9 anos de idade. As mulheres (de 72,3 para 75,8 anos) ficaram em situação bem mais favorável que os homens (de 64,8 para 68,1 anos). No período, a taxa bruta de mortalidade caiu de 6,6‰ para 6,3‰. Essa queda, aliada à redução da fecundidade, concorreu para um aumento absoluto e relativo da população idosa.

Trabalho Infantil

Em dez anos, o trabalho infantil caiu, mas em 2005, ainda havia 5,4 milhões de crianças e adolescentes trabalhando. Cerca de 54% delas tinham idade inferior a 16 anos. Para o grupo etário de 10 a 17 anos, a redução foi de 31,5% em 1995 para 23% em 2005.

O trabalho infantil nas faixas etárias impróprias (5 a 15 anos) ocorre principalmente em atividades agrícolas, enquanto no grupo de 16 a 17 anos, o trabalho é predominantemente em atividades não-agrícolas. O trabalho agrícola está concentrado no Nordeste (55,2%) e predominantemente entre os meninos (74,2%), mas as meninas aumentaram a participação nessa atividade em 1,3 ponto percentual de 1995 para 2005.

Em 2005, 76% das crianças de 10 a 17 anos ocupadas haviam começado a trabalhar com menos de 15 anos de idade. No Piauí, esse percentual chegava a 94,2%.

61,1% dos domicílios tinham serviços públicos de saneamento completo

A Síntese de Indicadores Sociais investigou os domicílios com serviços públicos de saneamento completo, ou seja, aqueles que têm acesso ao abastecimento de água com canalização interna, estão ligados à rede geral de esgotamento sanitário e/ ou rede pluvial e são atendidos por coleta de lixo diretamente no domicílio. Em 2005, 61,1% dos domicílios brasileiros estavam enquadrados nesse critério. Para as grandes regiões, podem-se observar diferenças significativas. Na Norte, 8,8% dos domicílios tinham acesso a serviços de saneamento completo, no Nordeste, 34,5%. O Sudeste apresentou o melhor resultado do país (83,4%); seguido da região Sul (80,7%) e do Centro-Oeste (36%).

Em 2005, em relação ao ano anterior, a região metropolitana de Curitiba apresentou um elevado crescimento do número de domicílios com saneamento completo, de 12,9 pontos percentuais, passando de 74,9%, em 2004, para 87,8%, em 2005.

Moradores solitários

A Síntese também revelou que, no Brasil, em 2005, havia quase seis milhões de pessoas morando sozinhas e que, de 2004 para 2005, a proporção de mães adolescentes passou de 6,8% para 7,1%. Em 2005, a região metropolitana de São Paulo concentrava 10,5% da população. Mais de 65 % da população idosa chefiava os domicílios em que viviam, e havia 5,6 milhões de idosos trabalhando, em todo o país.

Entre 1995 e 2005, a taxa de desocupação subiu 3,2 pontos percentuais e o emprego com carteira aumentou 3,2 pontos percentuais. Já a defasagem escolar ainda atinge 36,4% dos alunos da 8ª série. Enquanto isso, as desigualdades de negros e pardos em relação a brancos persistem em todos indicadores sociais. A seguir, as principais informações da pesquisa.

Região metropolitana de São Paulo concentra 10,5% da população do País

No ano passado, as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste concentravam 64,3% da população brasileira, o que representa 118,6 milhões de habitantes. No Sudeste havia 78,6 milhões de pessoas. Só na região metropolitana de São Paulo havia 19,4 milhões, ou 10,5% da população do País. Em 2050, o Brasil terá 259,8 milhões de habitantes, um crescimento de 40,9%, ou mais 75,3 milhões de pessoas.

A razão de sexo vem declinando: em 2005, era de 95 homens para cada 100 mulheres. Todas as regiões metropolitanas têm razões de sexo abaixo dessa média. Houve também um considerável aumento da população de 70 anos ou mais de idade, estimada em 8,1 milhões (4,4% da população). Em 2050, esse grupo etário somará 34,3 milhões de idosos, ou 13,2% da população.

Desigualdade racial

As desigualdades entre brancos de um lado e negros e pardos de outro se mantiveram durante esses últimos dez anos, apesar de melhorias. Em 2005 porém, pela primeira vez nas duas décadas nas quais há esse tipo de levantamento, os brancos não alcançam 50% da população brasileira. Essa queda é simultânea ao acréscimo das populações negra, que foi de 4,9% para 6,3%, e parda, de 40% para 43,2%, confirmando a tendência de revalorização de identidade de grupos raciais historicamente discriminados.

Em relação a taxa de analfabetismo houve queda para todos, inclusive um pouco maior para negros (42%) do que para pardos (32,8%) e brancos (35,7%). Para estudantes de 18 a 24 anos, em 2005, enquanto mais da metade dos brancos cursava o ensino superior, o que representava cerca de 51%, praticamente a mesma proporção de negros e pardos, quase 50%, ainda estava no ensino médio e apenas 19% estavam na universidade.

Em 2005 também, enquanto os brancos representavam 26,5% dos 10% mais pobres e 88% do 1% mais rico, os negros e pardos eram quase 74% entre os mais pobres e pouco mais de 11% dos mais ricos. Assim, enquanto nos 10% mais pobres aparecem quase 15% da população negra ou parda e pouco mais de 5% dos brancos, nos 10% mais ricos esses valores se invertem.

Ocupação feminina continua a crescer

Em 2005, a população economicamente ativa (PEA) somava 96 milhões de pessoas. Destas, 56,4% eram homens e 43,6%, mulheres. Nos últimos dez anos a distribuição da PEA por sexo sofreu uma acentuada mudança, com a redução da participação masculina e aumento da feminina em 3,2 pontos percentuais.

No mesmo período, a participação no mercado de trabalho de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos caiu de 20,4% para 11,5,0% e, na faixa etária de 15 a 17 anos, de 50,9% para 41,3%. Já a freqüência escolar das crianças e adolescentes nessas faixas etárias passou de 89,8% para 97% e de 66,6% para 82%.

Em 1995, a falta de emprego atingia principalmente a população que tinha entre 5 e 8 anos de estudo. Já em 2005, era a população com o ensino médio que encontrava mais dificuldade para encontrar trabalho. Nos últimos 10 anos a escolaridade da força de trabalho aumentou, mas essa mudança no perfil da desocupação revela também que o próprio mercado de trabalho está mais exigente.

Mulheres menos instruídas têm mais filhos

As mulheres com até 3 anos de estudo chegam a ter, em média, mais que o dobro do número de filhos das mulheres com 8 anos ou mais de estudo. Ao considerar a cor ou raça são observados, no segmento de mulheres brancas, níveis mais baixos de fecundidade que os de mulheres negras e pardas.

Em 2005, as taxas de fecundidade das mulheres brancas no Sudeste (1,7 filho por mulher), Sul (1,9) e Centro-Oeste (1,9) já estavam abaixo do nível de reposição (2,0 filhos por mulher), enquanto a das mulheres negras e pardas da Região Norte foi estimada em 2,6 filhos por mulher.

De acordo com os dados do Registro Civil 2005, 19,9% das crianças que nasceram naquele ano originaram-se de mães adolescentes. Esta proporção se mostrou mais elevada na Região Norte, com destaque para Tocantins, Pará e Acre. Com valores abaixo da média nacional estão o Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Nordestinos predominam entre os migrantes

A distribuição da população por grandes regiões de residência atual, segundo o lugar de nascimento, em 2005, mantém as mesmas tendências do início da década de 1990, revelando uma certa estabilidade dos movimentos migratórios brasileiros. Nordeste e Sul, com 97,1% e 94,0%, respectivamente, são as duas regiões com as maiores proporções de população residente cujo local de nascimento são as próprias regiões.

O grupo de maior peso entre os emigrantes brasileiros é o dos nordestinos, com 54,1%. O Sudeste continua a ser o maior pólo de atração dos nordestinos: 67,3% deles se dirigiram para esta região. O segundo maior grupo de emigrantes nasceu no Sudeste (20,2% do total de emigrantes), dirigindo-se em sua maioria para a região Centro-Oeste (35,1%). Dos 696.807 de estrangeiros, quase 71% tiveram como destino o Sudeste. Esta região também absorveu a maioria (50,2%) dos imigrantes, um total de 9.877.897 pessoas. Destas, 72,5% nasceram no Nordeste. Já entre os 1.621.152 imigrantes no Sul, 6,9% (ou 112.102) são estrangeiros, contingente superior ao dos que vieram do Centro-Oeste (5,9) e Norte (3,5%).

Entre os estudantes de 18 a 24 anos, 14,4% ainda cursavam o ensino fundamental

Entre os estudantes de 18 a 24 anos, o problema da defasagem escolar continua. Em 2005, 14,4% ainda estavam cursando o ensino fundamental e 37,3% o ensino médio. Apenas 35,9% estava dos alunos estavam cursando o ensino superior. Esse indicador, porém, melhorou desde 1995.

Quase 90% dos estudantes do nível fundamental freqüentavam escolas públicas, sem diferenciações regionais significativas. No ensino médio, cai um pouco a freqüência nos estabelecimentos públicos chegando, em média, a 85,6% dos estudantes. No caso do ensino superior, a situação se inverte: a maioria (75,3%) freqüenta escolas particulares.

Só no DF a escolaridade dos alunos de 15 anos ou mais superava o fundamental

No Brasil, a população de 15 anos ou mais de idade tinha, em média, 7 anos de estudo em 2005. A menor média foi encontrada em Alagoas (4,8). Somente no Distrito Federal a escolaridade média era superior ao ensino fundamental (9 anos). As crianças de 10 anos ou mais possuíam apenas 2,6 anos de estudo, em média, ou uma defasagem de mais de um ano.

Cai a diferença de rendimento entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres

Em 1995, entre os ocupados, o rendimento dos 10% mais ricos era 21,2 vezes maior que o rendimento dos 40% mais pobres. Já em 2005, essa relação passou para 15,8. A Região em que a desigualdade no mercado de trabalho mais se reduziu no período foi o Sul, e entre os Estados a maior redução ocorreu em Alagoas (8,8 pontos), enquanto que o Piauí teve um aumento de 8,5 pontos na relação de desigualdade entre os rendimentos médios dos 10% mais ricos e 40% mais pobres a população ocupada.

Defasagem escolar ainda atinge 36,4% dos alunos da 8ª série

O Brasil, em 2005, contava com cerca de 14,9 milhões de pessoas de 15 anos ou mais analfabetas segundo os dados da PNAD daquele ano correspondendo a 11% da população. Deste contingente, 37,7% eram pessoas de 60 anos ou mais, 18,9% de 50 a 59 anos, 16,8% de 40 a 49 anos e 13,9% de 30 a 39 anos. No contexto latino-americano, países como Argentina e Chile apresentam apenas taxas residuais de analfabetismo (em torno de 3%). De 1995 a 2005, as taxas caíram 5 pontos percentuais nas áreas urbanas (11,4% para 8,4%) e 7,7 p.p. nas áreas rurais (de 32,7% para 25,0%). Alagoas (29,3%) e Piauí (27,4%) apresentaram as taxas mais elevadas, de modo semelhante a 1995 quando, em tais estados, as taxas estavam em torno de 35%.

Entre os estudantes de 18 a 24 anos, 14,4% ainda cursavam o ensino fundamental

Entre os estudantes de 18 a 24 anos, persiste o problema da defasagem escolar. Em 2005, 14,4% ainda estavam cursando o ensino fundamental e 37,3% o ensino médio. Apenas 35,9% estavam cursando o ensino superior. Esse indicador, porém, melhorou desde 1995.

Quase 90% dos estudantes do nível fundamental freqüentavam escolas públicas, sem diferenciações regionais significativas. No ensino médio, cai um pouco a freqüência nos estabelecimentos públicos chegando, em média, a 85,6% dos estudantes. No caso do ensino superior, a situação se inverte: a maioria (75,3%) freqüenta escolas particulares. No Nordeste a distribuição é mais equilibrada (40,1% na pública contra 59,9% na particular), mas a situação é bem diferente do Sudeste, onde predominam os estudantes de nível superior em escolas particulares (83,4% contra 16,6% na rede pública).

Só no DF a escolaridade dos alunos de 15 anos ou mais superava o fundamental

No Brasil, a população de 15 anos ou mais de idade tinha, em média, 7 anos de estudo em 2005. A menor média foi encontrada em Alagoas, 4,8. Somente no Distrito Federal a escolaridade média era superior ao ensino fundamental (9 anos). As crianças de 10 anos ou mais possuíam apenas 2,6 anos de estudo, em média, ou uma defasagem de mais de um ano.

Já a escolaridade média da população de 25 anos ou mais de idade era de 6,5 anos de estudo. Mas para as pessoas incluídas entre os 20% com os maiores rendimentos, a média era de 10 anos de estudo, revelando que o rendimento familiar é fator preponderante no aumento da escolaridade da população.

Região metropolitana de São Paulo concentra 10,5% da população

Em 2005, as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste concentravam 64,3% da população brasileira, ou cerca de 118,6 milhões de habitantes. No Sudeste havia 78,6 milhões de pessoas e, na região metropolitana de São Paulo havia 19,4 milhões, ou 10,5% da população do país. Tal valor absoluto superava qualquer outra das 26 unidades da federação. Em 2050, o Brasil terá 259,8 milhões de habitantes, um crescimento de 40,9%, ou mais 75,3 milhões de pessoas.

Desde 1995, a mortalidade infantil reduziu-se em 32%

A taxa de mortalidade infantil caiu quase 32% entre 1995 e 2005 (de 37,9‰ para 25,8‰). O aumento relativo do número de domicílios com saneamento básico adequado vem contribuindo para isso. O Rio Grande do Sul registrou a menor taxa de mortalidade infantil em 2005 (14,3‰) e Alagoas (53,7‰), a maior.

Entre 1995 e 2005, a esperança de vida ao nascer cresceu 3,4 anos, chegando aos 71,9 anos de idade. As mulheres (de 72,3 para 75,8 anos) ficaram em situação bem mais favorável que os homens (de 64,8 para 68,1 anos). No período, a taxa bruta de mortalidade caiu de 6,6‰ para 6,3‰. Essa queda, aliada à redução da fecundidade, concorreu para um aumento absoluto e relativo da população idosa.

Mulheres menos instruídas têm mais filhos

As mulheres com até 3 anos de estudo chegam a ter, em média, mais que o dobro do número de filhos das mulheres com 8 anos ou mais de estudo. Ao considerar a cor ou raça, invariavelmente são observados, no segmento de mulheres brancas, níveis mais baixos de fecundidade que os de mulheres negras e pardas.

Em 2005, as taxas de fecundidade das mulheres brancas no Sudeste (1,7 filho por mulher), Sul (1,9) e Centro-Oeste (1,9) já estavam abaixo do nível de reposição (2,0 filhos por mulher), enquanto a das mulheres negras e pardas da Região Norte foi estimada em 2,6 filhos por mulher.

De acordo com os dados do Registro Civil 2005, 19,9% das crianças que nasceram naquele ano originaram-se de mães adolescentes, proporção esta que se mostrou mais elevada na Região Norte, com destaque para Tocantins, Pará e Acre. Com valores abaixo da média nacional estão o Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Entre 1995 e 2005, Piauí e Ceará tiveram os maiores crescimentos relativos da proporção de nascidos vivos de mães adolescentes: 54,1% e 39,7%, respectivamente.

Nordestinos ainda predominam entre os migrantes

A distribuição da população por grandes regiões de residência atual, segundo o lugar de nascimento, em 2005, mantém as mesmas tendências do início da década de 1990 revelando uma certa estabilidade dos movimentos migratórios brasileiros. Nordeste e Sul, com 97,1% e 94,0%, respectivamente, são as duas regiões com as maiores proporções de população residente cujo local de nascimento são as próprias regiões.

O grupo de maior peso entre os emigrantes brasileiros é o dos nordestinos, com 54,1%. O Sudeste continua a ser o maior pólo de atração dos nordestinos: 67,3% deles se dirigiram para esta região. O segundo maior grupo de emigrantes nasceu no Sudeste (20,2% do total de emigrantes), dirigindo-se em sua maioria para a região Centro-Oeste (35,1%). Dos 696.807 de estrangeiros, quase 71% tiveram como destino o Sudeste. O Sudeste absorveu a maioria (50,2%) dos imigrantes, um total de 9.877.897 pessoas. Destas, 72,5% nasceram no Nordeste. Já entre os 1.621.152 imigrantes no Sul, 6,9% (ou 112.102) são estrangeiros, contingente superior ao dos que vieram do Centro-Oeste (5,9) e Norte (3,5%).

Fonte: Ultimo Segundo