quarta-feira, maio 23, 2007

'Geografia é fundamental para compreender a importância do espaço', diz professora

Arlete Moysés Rodrigues, docente da Unicamp, fala sobre sua experiência na área. Ela já trabalhou na Prefeitura de São Paulo e no Ministério das Cidades.
Luísa Brito Do G1, em São Paulo entre em contato



A professora Arlete Moysés, que ensina geografia na Unicamp (Foto: Robson Fernandes/Agência Estado)
Professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp ), com pós-doutorado na área de geografia humana, Arlete Moysés Rodrigues, 63, diz que escolheu a profissão porque tinha vontade de “descortinar o conhecimento sobre o mundo”.

Além do trabalho na área acadêmica ela atuou durante mais de dez anos na Prefeitura de São Paulo e também foi, durante o ano de 2003, diretora da secretaria executiva do Ministério das Cidades. Para Arlete, a geografia é “fundamental para compreender a sociedade e entender a importância do espaço no mundo atual”. Leia os principais trechos da entrevista que ela concedeu ao G1.
G1 - Por que a senhora quis ser geógrafa?
Arlete Moysés Rodrigues - Queria descortinar o conhecimento sobre o mundo. Quando fiz faculdade, na USP, tinha vontade de ensinar para o [ensino] fundamental, depois fui para o superior.
G1 - Em quais lugares a senhora trabalhou?
Arlete - Fui funcionária da prefeitura de São Paulo, onde participei do primeiro cadastro de favelas de São Paulo, em 1972 e 1973. Sempre trabalhei na área de habitação e bem-estar social. Saí de lá em 1982 e no ano seguinte entrei na Unicamp. Entre 1989 e 1991 me afastei para fazer parte da equipe da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da prefeitura de São Paulo. Em 1999 me aposentei , mas não parei de dar aula na pós-graduação e orientar mestrado e doutorado. Em 2003 me afastei novamente para trabalhar no ministério das Cidades.
G1 - O que é a geografia na visão da senhora?
Arlete - Ela é fundamental para compreender a sociedade e entender a importância do espaço no mundo atual. Esse espaço tem sido ocultado para parecer que não é importante, mas ninguém vive sem ocupar espaço.
G1 - O que a senhora mais gosta na área?
Arlete - Do trabalho com geografia urbana, de entender a produção do espaço urbano, fazer a análise de todos os agentes que produzem a cidade.
G1 - O que é essencial para ser um bom profissional?
Arlete - Ler muito e fazer reflexão do que lê. Fazer pesquisa de campo e conhecer novas técnicas como instrumento para aprofundar o conhecimento.
G1 - Que dicas a senhora daria para quem está começando agora na profissão?
Arlete - Antes de definir a área que vai seguir, a pessoa deve procurar compreender os processos da produção, do espaço e do território e vê para qual área tem aptidão.
G1 - Como está o mercado de trabalho para o geógrafo?
Arlete - Acho que está bom tanto para a licenciatura como para o bacharelado, porque há ausência de geógrafos que possam atuar no planejamento territorial e há uma grande demanda nessa área.
G1 - O que a senhora acha do planejamento urbano das cidades brasileiras?
Arlete - Um bom planejamento só pode ser efetivo se for feito com a participação social de todos. Isso é importante para que numa metrópole como São Paulo [por exemplo] se viva melhor no futuro.
G1 - Como a a senhora analisa a forma que as pessoas encaram as questões ambientais?
Arlete - As pessoas jogam uma cortina de fumaça sobre a realidade. Procura-se a resolução dos problemas onde eles não são gerados. Por exemplo, costuma-se culpar as pessoas pela poluição do ar, porque ninguém quer deixar o carro uma vez por semana em casa. Mas não se analisa o que a indústria automobilística usa no automóvel que gera tanta poluição. Fala-se como se o problema fosse causado pelo consumidor.
G1 - Qual o futuro da geografia?
Arlete - É mostrar a importância do espaço e do analista do espaço, ou seja, o geógrafo.

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