sexta-feira, maio 25, 2007

IEstudo revela 60 anos de transformações sociais no país

Entre os Censos de 1940 e 2000, a população brasileira cresceu quatro vezes. O Brasil rural tornou-se urbano (31,3% para 81,2% de taxa de urbanização). Nesse período, houve o envelhecimento da população brasileira, que na faixa de 15 a 59 anos, aumentou de 53% para 61,8%. O número de pessoas autodeclaradas pardas aumentou de 21,2% para 38,5%, reflexo do processo de miscigenação racial. Quanto à religião, nesses 60 anos, os evangélicos cresceram de 2,6% para 15,4% da população. O país conseguiu reduzir em cinco vezes a taxa de analfabetismo, que caiu de 56,8% para 12,1%. A taxa de escolarização, entre crianças de 7 a 14 anos, aumentou de 30,6% para 94,5%. Já o percentual de casados cresceu de 42,2% para 49,5%. Os brasileiros natos passaram de 96,6% para 99,6%. No período em foco, agricultura, pecuária e silvicultura, que em 1940 representava 32,6% da população ocupada, declinou para 17,9%, em 2000.
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IBGE :: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Idade da população ocupada aumentou nos últimos 60 anos

CLARICE SPITZda Folha Online, no Rio de Janeiro

Estudo do IBGE mostra mudança na distribuição dos trabalhadores por idade no mercado de trabalho entre 1940 e 2000. Em 1940, com a população brasileira mais jovem, os trabalhadores ocupados estavam em sua maioria na faixa de 10 a 19 anos. Eles correspondiam a 33,7% da população ocupada.
Já em 2000, a maior participação estava na faixa etária entre 20 e 29 anos (28,4%). Nessa faixa etária de trabalhadores, as atividades de agricultura, pecuária, silvicultura, além de atividades domésticas --que incorporam atividade primária de subsistência-- e escolares ocupavam maior percentual de trabalhadores em 1940.
Já em 2000, as atividades ligadas ao comércio, reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos, além da indústria de transformação empregavam mais. A agricultura, pecuária e silvicultura ocupavam a terceira posição.
Em 1940, 28,9 milhões de pessoas de 10 anos ou mais estavam empregadas. Em 2000, esse contingente subiu para 65,6 milhões, o que corresponde a 48,5% do total de pessoas de 10 anos ou mais.

quarta-feira, maio 23, 2007

'Geografia é fundamental para compreender a importância do espaço', diz professora

Arlete Moysés Rodrigues, docente da Unicamp, fala sobre sua experiência na área. Ela já trabalhou na Prefeitura de São Paulo e no Ministério das Cidades.
Luísa Brito Do G1, em São Paulo entre em contato



A professora Arlete Moysés, que ensina geografia na Unicamp (Foto: Robson Fernandes/Agência Estado)
Professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp ), com pós-doutorado na área de geografia humana, Arlete Moysés Rodrigues, 63, diz que escolheu a profissão porque tinha vontade de “descortinar o conhecimento sobre o mundo”.

Além do trabalho na área acadêmica ela atuou durante mais de dez anos na Prefeitura de São Paulo e também foi, durante o ano de 2003, diretora da secretaria executiva do Ministério das Cidades. Para Arlete, a geografia é “fundamental para compreender a sociedade e entender a importância do espaço no mundo atual”. Leia os principais trechos da entrevista que ela concedeu ao G1.
G1 - Por que a senhora quis ser geógrafa?
Arlete Moysés Rodrigues - Queria descortinar o conhecimento sobre o mundo. Quando fiz faculdade, na USP, tinha vontade de ensinar para o [ensino] fundamental, depois fui para o superior.
G1 - Em quais lugares a senhora trabalhou?
Arlete - Fui funcionária da prefeitura de São Paulo, onde participei do primeiro cadastro de favelas de São Paulo, em 1972 e 1973. Sempre trabalhei na área de habitação e bem-estar social. Saí de lá em 1982 e no ano seguinte entrei na Unicamp. Entre 1989 e 1991 me afastei para fazer parte da equipe da Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano da prefeitura de São Paulo. Em 1999 me aposentei , mas não parei de dar aula na pós-graduação e orientar mestrado e doutorado. Em 2003 me afastei novamente para trabalhar no ministério das Cidades.
G1 - O que é a geografia na visão da senhora?
Arlete - Ela é fundamental para compreender a sociedade e entender a importância do espaço no mundo atual. Esse espaço tem sido ocultado para parecer que não é importante, mas ninguém vive sem ocupar espaço.
G1 - O que a senhora mais gosta na área?
Arlete - Do trabalho com geografia urbana, de entender a produção do espaço urbano, fazer a análise de todos os agentes que produzem a cidade.
G1 - O que é essencial para ser um bom profissional?
Arlete - Ler muito e fazer reflexão do que lê. Fazer pesquisa de campo e conhecer novas técnicas como instrumento para aprofundar o conhecimento.
G1 - Que dicas a senhora daria para quem está começando agora na profissão?
Arlete - Antes de definir a área que vai seguir, a pessoa deve procurar compreender os processos da produção, do espaço e do território e vê para qual área tem aptidão.
G1 - Como está o mercado de trabalho para o geógrafo?
Arlete - Acho que está bom tanto para a licenciatura como para o bacharelado, porque há ausência de geógrafos que possam atuar no planejamento territorial e há uma grande demanda nessa área.
G1 - O que a senhora acha do planejamento urbano das cidades brasileiras?
Arlete - Um bom planejamento só pode ser efetivo se for feito com a participação social de todos. Isso é importante para que numa metrópole como São Paulo [por exemplo] se viva melhor no futuro.
G1 - Como a a senhora analisa a forma que as pessoas encaram as questões ambientais?
Arlete - As pessoas jogam uma cortina de fumaça sobre a realidade. Procura-se a resolução dos problemas onde eles não são gerados. Por exemplo, costuma-se culpar as pessoas pela poluição do ar, porque ninguém quer deixar o carro uma vez por semana em casa. Mas não se analisa o que a indústria automobilística usa no automóvel que gera tanta poluição. Fala-se como se o problema fosse causado pelo consumidor.
G1 - Qual o futuro da geografia?
Arlete - É mostrar a importância do espaço e do analista do espaço, ou seja, o geógrafo.

sábado, maio 19, 2007

EUA proíbem acesso a imigrantes presos, acusa ONU


Um funcionário do setor de direitos humanos das Nações Unidas diz que sua visita a um centro de detenção de imigrantes em Nova Jersey foi barrada na segunda-feira. Essa foi a segunda ocasião em que o acesso a um centro de detenção de imigrantes lhe foi negado, nos Estados Unidos, em sua viagem de inspeção de uma semana.
O funcionário, Jorge Bustamante, encarregado pela ONU de redigir um relatório especial sobre os direitos humanos dos migrantes, disse ter sido informado no final de semana que sua visita a imigrantes detidos na Instituição Corretiva do Condado de Monmouth, em Freehold, marcada para a segunda-feira, havia sido cancelada. Bustamante diz que os motivos do cancelamento não lhe foram explicados.
No dia 7 de maio, Bustamante foi proibido de visitar o Centro de Detenção Familiar T. Don Hutto, em Taylor, Texas, que abriga famílias de imigrantes ilegais, incluindo crianças. Funcionários do Serviço de Imigração e Alfândega, o departamento federal que supervisiona o centro, disseram ter cancelado a visita devido a um processo judicial sobre as condições de vida dos detidos no local, movido pela União Norte-Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).
Em carta de protesto enviada na segunda-feira a Zalmay Khalilzad, embaixador dos Estados Unidos à ONU, Bustamante afirma que o Departamento de Estado havia aprovado seu itinerário. "Minha interpretação é que alguém no governo dos Estados Unidos não está orgulhoso quanto ao que vem acontecendo nesses centros", afirmou Bustamante em entrevista.
Um porta-voz do Departamento de Estado, Bill Strassberger, disse que ao que sabia a visita ao centro de detenção em Nova Jersey havia sido cancelada pelo xerife do condado de Monmouth, Joseph Oxley. Strassberger confirmou que o Departamento havia ajudado Bustamante a organizar as duas visitas, e que a organização estava decepcionada por não terem acontecido. "Queremos demonstrar que não temos nada a esconder", disse o porta-voz.
A xerife assistente Cynthia Scott, falando em nome de Oxley, disse que Bustamante é que havia cancelado a visita, por se recusar a aceitar "condições razoáveis" de acesso. "Ele cancelou, não nós", afirmou Scott.
Bustamante visitou um centro federal de detenção de imigrantes ilegais em Florence, Arizona. Ele declarou que as instalações pareciam limpas e "bem administradas".
Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME
The New York Times