Estudo de cientistas de Harvard e de univrsidade chinesa mostra que país asiático pode trocar geração a carvão pela eólica
Por Milton Leal
Os números chineses sempre impressionam. O país que possui 1,35 bilhão de habitantes e a economia que mais cresce no mundo precisa de energia, muita energia. Não é à toa que os chineses instalam em média 1GW de plantas a carvão por semana, o que contabiliza algo em torno de 50GW ao ano. Para efeito de comparação, o Brasil construiu no último ano menos de 2,4GW. Por isso, a China já figura como a nação que mais emite CO2 no mundo e está apenas atrás dos EUA quando o assunto é capacidade instalada.
Cientistas das universidades americana de Harvard e chinesa de Tsinghua publicaram um estudo na revista Science que discorre sobre a viabilidade de substituir as atuais fontes de geração e suprir o crescimento da demanda até 2030 somente com usinas eólicas.
A análise concluiu que uma extensa rede de turbinas eólicas operando com um fator de capacidade de 20% proveria até 24,7 petawatt/hora por ano. Este número equivale a sete vezes o atual consumo dos chineses.
“O mundo está lutando com a questão de como fazer para trocar os combustíveis ricos em carbono por algum outro que seja livre de carbono”, diz o autor líder do estudo Michael B. McElroy, professor de Harvard.
A estimativa de investimento para esta reviravolta energética chinesa é da ordem de US$900 bilhões - a preços atuais -, que já incluem a necessidade de expansão de 800GW para os próximos 20 anos. Os cientistas consideram o montante a ser aportado bastante significativo, mas não impossível de ser viabilizado devido ao tamanho da economia chinesa.
A China possui hoje 792GW de capacidade instalada. A expectativa é que o país aumente este potencial em 10% ao ano. Se optasse por expandir com usinas a carvão, cerca de 3,5 gigatons de CO2 seriam emitidos a mais por ano.
Atualmente, a geração eólica responde por 0,4% de todo o suprimento de energia elétrica chinês. Apesar disso, o país está se tornando rapidamente o mercado mais pujante de energia eólica e em breve deve ultrapassar os EUA, Alemanha e Espanha, que hoje têm mais usinas desta fonte.
As energias alternativas na China, especialmente a eólica, receberam um importante empurrão com a sanção da lei de energia renovável em 2005, que dá benefícios fiscais para as fontes limpas. O governo chinês também estabeleceu um processo de concessão de ofertas para garantir o retorno dos investimentos dos grandes projetos eólicos.
Para determinar a viabilidade da energia eólica para a China, os estudiosos estabeleceram um modelo econômico no qual incorporaram os incentivos do governo e calcularam o custo da energia com base na geografia dos locais com bastante vento. Eles concluíram que turbinas de 1,5MW teriam o melhor aproveitamento e que seria necessário meio milhão de metros quadrados para instalar todos os parques.
Nos próximos meses, os pesquisadores planejam conduzir um estudo mais intensivo e detalhado sobre a energia eólica na China. Eles pretendem levar em consideração um banco de dados que inclui informações de 25 anos sobre a variação dos ventos na nação asiática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário