Hora do rush em Mumbai (antiga Bombaim), a capital financeira da Índia, com seus 18 milhões de habitantes. Às 18h20 de segunda-feira 11, milhares de trabalhadores voltando para casa se comprimem nos trens de subúrbio que transportam até 4,5 mil pessoas por composição. Às 18h24, uma violenta explosão atinge a estação Khar-Santa Cruz, destruindo vagões de primeira classe. Durante 11 intermináveis minutos, outras sete explosões se sucedem em trens em diferentes estações; alguns estavam parados, outros já em movimento. No final, cenas dantescas: corpos despedaçados, ferro retorcido, corre-corre, gritos de pavor e desespero. Pelo menos 190 pessoas morreram e mais de 700 ficaram feridas no pior atentado terrorista em dez anos na Índia.
Apesar de nenhum grupo terrorista ter reivindicado a autoria dos ataques, fontes da inteligência indiana acreditam que alguma organização ligada à Al Qaeda esteja por trás deles. Chamou a atenção o fato de as explosões terem ocorrido no dia 11 – como o 11 de setembro de 2001 nos EUA e o 11 de março de 2004 em Madri, quando uma bomba matou 192 pessoas na estação ferroviária Atocha. Agora, os principais suspeitos são o grupo paquistanês Lashkari-Toiba (soldados da pureza) e o Movimento de Estudantes Islâmicos da Índia. O Lashkar é um dos grupos extremistas mais ativos na luta pela independência da Caxemira ou por sua anexação ao vizinho Paquistão, inimigo histórico da Índia. Situada na cordilheira do Himalaia, a Caxemira é uma área majoritariamente muçulmana onde vivem cerca de dez milhões de pessoas. Desde 1947, quando a Grã-Bretanha deixou de governar a região, a Caxemira é disputada entre a Índia – que ocupa dois terços dela – e o Paquistão, que fica com o restante.
Nos últimos meses, a Índia tem freqüentado o noticiário internacional como a mais cobiçada potência emergente em função dos altos índices de crescimento da economia – média de 6% entre 1980 e 2002 e de 7,7%, desde então. O país também deixou de ser um dos patinhos feios do clube atômico depois que o presidente George W. Bush dos EUA deu seu aval à política nuclear de Nova Délhi. Mas o atentado desta semana obrigou o país a encarar novamente seus próprios demônios. Afinal, apesar do “milagre econômico”, o país ainda é um dos mais desiguais e divididos do mundo. No passado recente, separatismos foram responsáveis por atentados terroristas. Dois chefes de governos foram vítimas deles: Indira Gandhi, em 1984, e seu filho Rajiv Gandhi, em 1991.
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